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domingo, 9 de setembro de 2012

POR SER DE LÁ DA VÁRZEA



Por ser de lá
Carrego nas asas do vapor 
Minha saudade que arde toda tarde
No emaranhado da minha sede de escrever,
Confiando ao peito minha vontade de viver,
Que corre o espaço profundo a pelejar a sorte,
Colhendo o dia na força do braço,
Sob o chuá da lajinha ao lajedo do gado
A pastar por riachos do mel  
Em sítios do maracujá aos seixos
Dando forma ao meu desejo de lá viver
Minha paixão maracujá,
Por umbus, trapiá, itapacurá a dentro
Percorro o leito salgado do rio Joca e não esmoreço,
Renasço assim feito capim grosso, 
Sou majestoso juazeiro  
No meio do agreste de verde sonhar, 
Onde aprendi a trabalhar a quimera,
Acordar ação em hora certeira, 
Antes do sol bater na cumeeira, a pino, 
Entendo a magia e os limites do tempo.
Meu poema é semente de horizonte:
Pede empreitada de sonhos,
Plantio, trabalho, esperança nova.
Sou varzeano e acredito na lida, 
Tenho sede e escavo fundo minhas cacimbas
Que acabam vertendo poesia na veia,
Que mina, que brota dos meus olhos d'água.

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