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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MEU RIACHO DO MEL

MEU RIACHO DO MEL



Autor: João Maria Ludugero.


Desde cedo aprendi a amar incondicionalmente.
Amar as coisas postas no meu caminho
Até mesmo as pedras dispostas no jardim
E as flores que insistem em nascer ali
Bem no meio das pedras, apesar de tudo
Apesar de toda aridez, apesar dos espinhos
Eu aprendi a conviver e sobreviver às pedras
e aos espinhos que tanto nos ensinam, dia após dia.


Existem poemas e poemas, apesar dos cinzas
Porque há quem ainda os mede com o coração,
E na ponta de seu lápis, sem usar a trena
rabiscam palavras e lhes dão sentido, de súbito
Como a saudade que nos faz chorar toda tarde
Quando o sol se deita lá pra's bandas do Calango
A me fazer compor como quem lavra seguindo a ordem
oriunda do meu peito, açude de lembranças.


É sabido que existem poemas e poemas.
Aqueles que, mudos, muito dizem.
Outros pensam e encantam feito o bem-te-vi
Livre e solto no alto do pé de graviola
Como a fazer cantilenas, de vida e de dor
A cortar o silêncio ali na esquina da casa de Seu Odilon.


É gostoso é bonito arregalar os olhos
E ver a alma do poemas que escrevinho
Eu sinto o poema a defender seu espaço, a correr afoito
Assim como o quero-quero, o tetéu que delimita seu terreno
E sob tal continuo a escrever,a tecer com palavras meus versos
Com o véu da tarde amena da minha cidade da simplicidade
que me cobre a tradição de cultivar as coisas boas da vida,
De ainda acreditar no alegria vertente que há naquele lugar.


Abençoados sejam os meus poemas, simples,
abertos sob a chave de São Pedro, apóstolo
Que me dobra os joelhos a agradecer por ali ter nascido
E me pego a dizer de peito estufado, a contento,
Que amo muito esse lugar, de verdade,
e tudo que nele há, apesar das pedras
E dos espinhos, muita coisa existe e me faz acreditar no belo,
na flor que nasce ali sob o sol do agreste, nos lírios do solo
além dos seixos e dos cactos, além das macambiras e dos marmeleiros,
além das lagoas compridas sei que há um riacho de mel
a me adocicar o espírito,a me saciar de beleza,
Digo a me lambuzar o céu e a boca, de fato,
a me fazer sentir riqueza e poder, na força que aflora
No corpo deste poema que ora faço só pra ti,
minha Várzea amada, minha eterna morada, flor do rio Joca.

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