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terça-feira, 14 de julho de 2015

EXTENSA VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
EXTENSA VARZEANIDADE,
por João Maria Ludugero

Não há coivara que queime minhas raízes
a raiz das minhas ideias livres e soltas
a andar, a correr dentro, a voar alto,
sem medo da cuca esbaforida ao vento.
Mas, se preciso for, escreverei poemas,
sem carecer de ser cabotino,
sou mesmo de assanhar até os pelos da venta,
porque não há morte para a varzeanidade em mim,
não há corte às asas do bem-te-vizinho...

Se ao partir meu coração agreste
morresse a luz que lhe é querida,
sem razão seria a vida varzeana,
sem razão ficaria sob o estio que seca o rio Joca,
sem razão cultivaria cajás, jacas, mangas, cajus,
sem razão haveria de florescer o mulungu
sob o encanto do destemido tô-fraco dos guinés
ou galinhas d'Angola lá no Maracujá
dos tamarindos e cajás-mangas...

Assim, nada apaga à luz que vive
a varzeamar num ávido pensamento,
porque é livre como o astuto vento
porque é livre além das quatro bocas,
porque é solta além do Vapor de Zuquinha,
porque adocica a minha paisagem, além do Riacho do Mel,
porque mergulha além do paredão do açude do Calango,
porque transborda em meus olhos d'água a saudade
advinda da Várzea da inesquecível madrinha Joaninha Mulato!

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