SÉRIE: AOS DA MINHA VÁRZEA, por João Maria Ludugero.
Careço escrever-me pelas quatro bocas
careço caminhar pela areia do rio Joca,calçar-me de chinelas da feira
careço sera estrada que leva à Nova Esperança que prossegue depois do sítio de dona Tonha de Pepedo
Mas antes mesmo de chegar ao Vapor de Zuquinha ainda não terei escrito os versos dos verdejantes juazeiros senão por vós caríssimos varzeanos de um sonho por vós que não sereis esquecidos
Descambo além do rio de Nozinho.
Sinto saudades de pescar carás e jacundás
no rio da Cruz,a idade dos landuás das aratanhas
e das traíras pescados por dona Lucila de Preta,
mãe de Xibimba e de Vira da rua do Arame de dona Neda.
Mas não me esqueço do tempo dessa gente que nunca reclamava da sorte,antes rezava a pedir amparo ao santo protetor São Pedro Apóstolo, padroeiro da Várzea dos Caicos,
que nunca deu as costas para esses seres varzeanos
Nunca careci de receber o carinho dessa gente porque andei sempre sobre meus pés, mesmo que fosse de havaianas e nunca me doeu saborear farofas, torresmos, cocadas,beijus, tapiocas, paçocas e tantas vezes o mingau de leite de cabra que bem fazia e preparava a dona Alice de Abílio,sem esquecer dos picadinhos suínos
preparados por dona Sinhá,
nem do cuscuz e do babau
de batata-doce da tia Joana Isabel.
Varzeamar
hei-de inventar um verso que vos faça justiça,
mas, por ora basta-me ouvir a cantiga do bem-te-vizinho
que passo a recordar
de toda essa gente da minha Várzea
e que vos sonho, dia-após-dia,
mesmo de coração partido,
a assanhar até os pelos da venta,
sem medo da cuca esbaforida,
ao viajar a cada poema que escrevo a contento,bastando-me saber que um dia aos 100 anos morrerei demasiado, mas consciente, e nunca entristecido
por viver intensamente,
Varzeamar
hei-de inventar um verso que vos faça justiça,
mas, por ora basta-me ouvir a cantiga do bem-te-vizinho
que passo a recordar
de toda essa gente da minha Várzea
e que vos sonho, dia-após-dia,
mesmo de coração partido,
a assanhar até os pelos da venta,
sem medo da cuca esbaforida,
ao viajar a cada poema que escrevo a contento,bastando-me saber que um dia aos 100 anos morrerei demasiado, mas consciente, e nunca entristecido
por viver intensamente,
mesmo assim longe da minha Várzea da inesquecível madrinha Joaninha Mulato, mas que permanecei sem preço, para sempre,a correr dentro pelo interior
das acácias de Silva Florêncio.